sábado, 10 de março de 2012

"Deserto"


Às vezes é bom estar no deserto, onde a areia se move e o vento se cala, onde os pássaros dormem e as nuvens se vestem, onde os sonos se formam e as aventuras se estranham, de onde os suspiros me soam a quente e ventre.

4 comentários:

  1. muito boa prosa poética!... Gostei. Existem desertos com diferentes características em todo o mundo, conforme as condições climáticas. Tenho percorrido alguns, carregado de esperanças e cansaço, por vezes cheio de desespero. Tem obviamente o seu encanto. Temos que levar tudo e irmos prevenidos para tudo. É um local de morte, muito mais do que de vida! O deserto é "nada", ou por outra, areia, sol esbraziante, calor infernal de dia e um frio de arrepiar à noite. Solidão, sempre a sensação de solidão, mesmo que levemos uma caravana de jeeps com uns amigos atrelados...As tempestades de areia num verdadeiro deserto são medonhas!... Já alguma vez experimentou as famosas e inebriantes "miragens", ao percorrer um deserto?... Se pensa ir, prepare-se para o tédio e para ser abordada por qualquer grupo, deses sem lei, sem qualquer respeito pela vida humana. Roubam e só por milagre não matarão. Por piedade deixam que o próprio deserto o faça, despojados que fomos de tudo!... Varela Pires

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  2. Desculpe-me o último comentário seguir em Anónimo... "lapsus calami"

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  3. Não, não estou a pensar viajar, este foi um dos meus muitos momentos "loucos" em que subi para o cimo do telhado e me sentei no cume para ver a lua. Estavam algumas nuvens no céu que a encobriam mas mesmo assim ela estava lá, um deserto que reflecte a luz do sol iluminando um pouco a noite, mapeada em outro deserto que a luz dos nossos olhos não consegue revelar, toda a vida que nela se esconde. Fiquei ali por uns momentos, até que a noite mudou de cor, de vermelho vivo passou a puro preto, as nuvens partiram e deram lugar ao brilho de uma lua cheia.

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  4. Solenidade de luar inundando tudo o que revive ainda o dia, caído há pouco... Pujante lua-cheia que projecta imensa luminosidade, tant, tanta que mumifica o arvoredo as paredes brancas das casas, as árvores, o arvoredo fantasmagórico, os muros pedregosos dos caminhos, cinzentos e frios, todo o solstício que se abriu sobre as nossas vidas... Nessas noites, sentado no tronco de madeira, ou numqualquer banco de pedra, escutava as velhas histórias de lobisomens, bruxedos, reis, rainhas, príncipes, almas penadas, assombrações e medos... que meu avô me contava, deixando-me lugar, espaço e tempo para sonhar e acreditar. Porque faz bem acreditar em tudo isso na infância, Emília!... Oh!... Quanto isso é belo, depois de recordado!... Quão importante na nossa meninice essas histórias de espelhos, de ruídos, de animais, de lobos e gatarrões, de metamorfoses, de "mulheres de virtudes", de missas ao romper d'alva, de regressos de almas de outros mundos de velas nas mãos!... Assalta-me o desejo de reler o Augusto, o Augusto Gil, no seu "Luar de Janeiro". Todavia, existem luares mais lindos, talvez (?), como o que nos envolve nas quentes e abafadas noites de Agosto, por terras sulinas, onde lendas, contos e atoardas nos enchem o nosso imaginário. Não são momentos "loucos", Emília!... São pedaços de vivências, de vida, são momentos inesquecíveis, inesquecivelmente belos!... A construção do imaginário em nós mesmos. Imprescindível!

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