Nas penedias, nessas escarpas pedregosas junto ao mar, esta árvore humilde e teimosa quis ficar... Feita de coragem, de revolta e de medo?!... Sim!... Contudo, também ululante, curtida de vontade, esfaimada de determinação. Ali restou indiferente às marés, ao assédio sucessivo, bruto e violento das vagas revoltas, dessas que vomitam espuma e fogaréu a todo o momento. Se é bailarina, não sei. E por vocação, muito menos!... Mas, que nas noites côncavas, à luz bruxuleante de um luar mendigo, insípido e esquálito, ela ousou, ela, açoitada pela ventania, por esses ventos que se roçam nas cristas brancas das ondas, ela fustigada pelo sal, pelas esquivas profunduras oceânicas, ousou ser par nessa dança, nesse rodopio que os ventos consertam, lá isso atreveu-se! E bem!... Ousou, assim segura, ser ela própria a autêntica dança eterna dos temporais que se esquecem de tudo, que não ouvem nada, que não ouvem mais. (Texto oferecido à Emília, autora da fotografia)
Volto a olhar esta foto, e perdoem-me!... Mas, sinto-a ainda de uma outra maneira, digamos, com um outro modo de sentir!... Ela está sozinha, sozinha, lutando contra aquele gigante sem norte, que não respeita nada nem ninguém, esse mar turbulento e agitado, raivoso e suspeito, imprevisível e insuperável... Pobre arvorezinha!... Dançarina?!... Não a posso conceber assim. Só por fatídica obrigação!... E quem a pode obrigar, quem?... Deixem-me ir fazer-lhe companhia, por momentos, apenas!
...E é!... Como dizes. Porque cantar é dar a nossa voz a algo, ou a alguém! Cantar é chamarmos. Cantar é vocalizar os nossos desejos, talvez as nossas queixas. Cantar é chamar o amar, o amor. Cantar é afugentar a solidão. Cantar é partilhar. Cantar é dar voz àqueles que não têm voz, nem canto!...
Nas penedias, nessas escarpas pedregosas junto ao mar, esta árvore humilde e teimosa quis ficar... Feita de coragem, de revolta e de medo?!... Sim!... Contudo, também ululante, curtida de vontade, esfaimada de determinação. Ali restou indiferente às marés, ao assédio sucessivo, bruto e violento das vagas revoltas, dessas que vomitam espuma e fogaréu a todo o momento.
ResponderEliminarSe é bailarina, não sei. E por vocação, muito menos!... Mas, que nas noites côncavas, à luz bruxuleante de um luar mendigo, insípido e esquálito, ela ousou, ela, açoitada pela ventania, por esses ventos que se roçam nas cristas brancas das ondas, ela fustigada pelo sal, pelas esquivas profunduras oceânicas, ousou ser par nessa dança, nesse rodopio que os ventos consertam, lá isso atreveu-se! E bem!... Ousou, assim segura, ser ela própria a autêntica dança eterna dos temporais que se esquecem de tudo, que não ouvem nada, que não ouvem mais.
(Texto oferecido à Emília, autora da fotografia)
Volto a olhar esta foto, e perdoem-me!... Mas, sinto-a ainda de uma outra maneira, digamos, com um outro modo de sentir!...
ResponderEliminarEla está sozinha, sozinha, lutando contra aquele gigante sem norte, que não respeita nada nem ninguém, esse mar turbulento e agitado, raivoso e suspeito, imprevisível e insuperável...
Pobre arvorezinha!... Dançarina?!... Não a posso conceber assim. Só por fatídica obrigação!... E quem a pode obrigar, quem?...
Deixem-me ir fazer-lhe companhia, por momentos, apenas!
Ela não está só, o mar a visita de vez em quando, porquanto o mar antes estava só e agora também tem o seu canto.
ResponderEliminar...E é!... Como dizes. Porque cantar é dar a nossa voz a algo, ou a alguém! Cantar é chamarmos. Cantar é vocalizar os nossos desejos, talvez as nossas queixas. Cantar é chamar o amar, o amor. Cantar é afugentar a solidão. Cantar é partilhar. Cantar é dar voz àqueles que não têm voz, nem canto!...
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