terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"Despida"

1 comentário:

  1. Já tinha saudades de olhar moinhos assim!... Estes moinhos esventrados, simulacros de "caldeiras" em ruínas, reis de perdidas coroas e espectros sem reino nem reinado, semi-deuses solitários nos cimos dos cerros, alimentam-nos a noção de solidão e nomadismo, e são testemunhas espectantes de um passado laborioso. Este que a foto nos oferece a conhecer, já nem cobertura, nem mastros, nem velas, nem búzios a assobiar, nada disso já tem!... Olha-nos rechonchudo, de pedra já despida, com um olhar magro e triste, emerso numa profunda inutilidade... Tem uma árvore constantemente sovada pela ventania, ali perto, ali a fazer-lhe companhia, muito mais nova, mas incapaz de lhe dar alento. A morte dos moinhos é um espectáculo que invoca ternura, nostalgia, solidez, um soluçar contínuo e morno, um choro prolongado através dos séculos, e como tudo isso, um certo desconforto. Entendo a perpectiva do foto como extraída ao palco de uma natureza sem fim... Parabens, Emília!

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