Um pé nu, descalço, saindo da calça azul, arregaçada, um pé procurando o fundo da marca deixada pela pegada na areia húmida, porosa, moldável, como quem marcou o momento do que viveu. Mas, volve atrás tacteando o resultado, o que realizou, docemente condoído, atormentado pelo impacto voraz do gesto, talvez preocupado com a mágoa deixada na profundidade da moldagem. Um repente, um dito, um não tempestuoso, um assomo de revolta, contudo o desejo que lhe seja perdoada a agressividade explosiva, mas involutária. Quem ama, magoa sempre. Quem magoa por magoar, não conhece o amor!
Não abre caminho mas alarga a estrada, porque desde que me lembro sempre me analisei, por vezes basta um segundo de acção para que passe o dia inteiro ou noite em auto-analise do que fiz, se fiz bem ou mal, o que teria sido a melhor atitude. Vejo uma cena na minha frente onde os actores são outros e penso se a minha reacção seria a mesma, se já agi da mesma maneira ou se o fizeram de outra forma considerada por mim mais correcta, se estou disposta ou se conseguirei numa outra oportunidade adopta-la. Tento construir em mim bons alicerces para que o edifício sirva de ponto seguro e de abrigo para mim e para quem me cerca. No entanto existem situações em que não me consigo "ver" e por isso preciso de um "espelho". Talvez considere que o estou a "usar"...talvez, mas seria mais honesto dizer que nos estamos a "usar" um ao outro, porque tenta "descobrir quem sou" e eu faço o mesmo. Estamos os dois na mesma viagem se mo permite continuar a fazer. Considero-me um livro aberto, que procura bons leitores!
V. P. - O que de melhor os "livros" nos podem oferecer é o prazer da sua leitura, a descoberta do muito que eles detêm e nos mostram, ou melhor, do que revelam a quem os sabe "ler", a quem respira neles o que procura, o que anseia, o que deseja. Para nos conhecermos a nós próprios, temos que conhecer o outro, olhar os outros como espelhos de nós mesmos. Emília! O excesso de instrospecção, de "auto-análise" pode contribuir para uma espécie de "nevoeiro" que não produza os resultados esperados. E em auto-análise, a que se chama o "fazer bem?... E o "fazer mal"? Sem a percepção, a definição do que representa o "bem" e o "mal", sê-lo-á difícil uma auto-avaliação. Nada do que parece simples, o é na realidade. Comprendo-a, no que me diz. Todavia, é preciso quem nos conduza, nos sugira, nos oriente na avaliação. Psicanaliticamnte. Um 3º elemento, em presença. O Eu, o Ego, e o psicanalista, como 3º elemento. Estabelecer um paralelo com os outros, que designa por "actores", observando as reacções destes e confrontando-as pode ser útil, mas demasiado redutor, fazendo-a "cair" num círculo. Não será assim, um método isento, imparcial, profícuo, quanto que ele seja. Deixo-a a pensar, entretanto... Não pretendo que concorde com o que lhe escrevo. Apenas, que leia. Como avaliar a atitude, o correcto nos outros ou em nós, próprios? O que é para si o correcto? O que será para o outro, o correcto?... Emília! Qualquer de nós precisa de modelos, de "espelhos". Mesmo convencidos que nos "vemos", na maioria das ocasiões não nos conseguimos "ver". Tenho constatado isso inúmeras vezes!... Outrem ver-nos-á melhor e de múltiplas formas, bem posicionado, em variadíssimos ângulos. Ainda outro ponto. Ninguém "usa" alguém, neste diálogo. Não me considero "usado", nem aolho desse modo!... Confrontamos ideias, posições, conhecimentos, modos de olhar, percepções diferentes, por que vindos, somos oriundos de processos educativos e "mundos" diferentes. Pois... digo-lhe! "Usar-me" é bom, visto que aprendemos sempre uns com os outros! Descobrirmo-nos quem é quem, sim, todavia, melhor seria descobrirmos primeiro quem somos perante cada um de nós. Como a Emília tenta fazê-lo... Não pensa assim?!... De acordo, quando assinala que "estamos ambos na mesma viagem"... nada de mal vem ao mundo por isso, e é confortante. Permita-me que não a consiga olhar como "um livro aberto", por enquanto... E se o assim considera, perdoe-me, que não seja um daqueles "bons leitores" porque anseia. Não o sou. Simplesmente, sou - isso, sim! - um outro olhar, atento a toda a fenomenologia, amante em exercício de uma percepção agudíssima, objectiva, disposta a descer à profundidade dos abismos, ao intimismo do intimo do ser, ao cerne da filosofia que emana da pesssoa que somos. Olho-a, olho-a sempre, e por mais que a olhe ainda " a vejo", de acordo com os instrumentos de que a psicologia clínica se serve, enquanto mo permitir e lhe agradar. (Não sou Psicólogo, acrescento) Respeito o pensar alheio, considero-o, mesmo quando discordo! É interessante conviver com tudo o que a Emília escreve ou "fotografa" e desja que comente ao sibilar da fantasia de quem comenta... E o prazer e a aprendizagem são meus, se me der permissão. Se o livro - que diz ser - se encontra "aberto", por favor, Emília, deixe-me ir desfrutando dos sabores da minha própria e genuina leitura... Com todo o apreço, considerando-a muito, creia! Até breve, se o quiser.
O último texto era muito maior em extensão, mas é vedada - como sabe - neste espaço a publicação de textos demasiados extensos. Por conseguinte, tive que fazer largas supressões, para o poder enviar assim - de certo modo amputado, em relação ao que foi concebido e escrito - mas, paciência!... Nas entrelinhas, a Emília descobrirá nuito mais de mim... Mesmo amputado, talvez lhe pareça que o não tivesse sido, oque será de certo modo do mal, o menos. Sempre procurando estar atento...
Um pé nu, descalço, saindo da calça azul, arregaçada, um pé procurando o fundo da marca deixada pela pegada na areia húmida, porosa, moldável, como quem marcou o momento do que viveu. Mas, volve atrás tacteando o resultado, o que realizou, docemente condoído, atormentado pelo impacto voraz do gesto, talvez preocupado com a mágoa deixada na profundidade da moldagem. Um repente, um dito, um não tempestuoso, um assomo de revolta, contudo o desejo que lhe seja perdoada a agressividade explosiva, mas involutária. Quem ama, magoa sempre. Quem magoa por magoar, não conhece o amor!
ResponderEliminarPergunto. Estes comentários contribuirão de algum modo para abrir em si um caminho em termos de autopsicanálise?!...
ResponderEliminarNão abre caminho mas alarga a estrada, porque desde que me lembro sempre me analisei, por vezes basta um segundo de acção para que passe o dia inteiro ou noite em auto-analise do que fiz, se fiz bem ou mal, o que teria sido a melhor atitude. Vejo uma cena na minha frente onde os actores são outros e penso se a minha reacção seria a mesma, se já agi da mesma maneira ou se o fizeram de outra forma considerada por mim mais correcta, se estou disposta ou se conseguirei numa outra oportunidade adopta-la. Tento construir em mim bons alicerces para que o edifício sirva de ponto seguro e de abrigo para mim e para quem me cerca.
ResponderEliminarNo entanto existem situações em que não me consigo "ver" e por isso preciso de um "espelho". Talvez considere que o estou a "usar"...talvez, mas seria mais honesto dizer que nos estamos a "usar" um ao outro, porque tenta "descobrir quem sou" e eu faço o mesmo. Estamos os dois na mesma viagem se mo permite continuar a fazer.
Considero-me um livro aberto, que procura bons leitores!
V. P. - O que de melhor os "livros" nos podem oferecer é o prazer da sua leitura, a descoberta do muito que eles detêm e nos mostram, ou melhor, do que revelam a quem os sabe "ler", a quem respira neles o que procura, o que anseia, o que deseja. Para nos conhecermos a nós próprios, temos que conhecer o outro, olhar os outros como espelhos de nós mesmos. Emília! O excesso de instrospecção, de "auto-análise" pode contribuir para uma espécie de "nevoeiro" que não produza os resultados esperados. E em auto-análise, a que se chama o "fazer bem?... E o "fazer mal"? Sem a percepção, a definição do que representa o "bem" e o "mal", sê-lo-á difícil uma auto-avaliação. Nada do que parece simples, o é na realidade. Comprendo-a, no que me diz. Todavia, é preciso quem nos conduza, nos sugira, nos oriente na avaliação. Psicanaliticamnte. Um 3º elemento, em presença. O Eu, o Ego, e o psicanalista, como 3º elemento. Estabelecer um paralelo com os outros, que designa por "actores", observando as reacções destes e confrontando-as pode ser útil, mas demasiado redutor, fazendo-a "cair" num círculo. Não será assim, um método isento, imparcial, profícuo, quanto que ele seja. Deixo-a a pensar, entretanto... Não pretendo que concorde com o que lhe escrevo. Apenas, que leia. Como avaliar a atitude, o correcto nos outros ou em nós, próprios? O que é para si o correcto? O que será para o outro, o correcto?... Emília! Qualquer de nós precisa de modelos, de "espelhos". Mesmo convencidos que nos "vemos", na maioria das ocasiões não nos conseguimos "ver". Tenho constatado isso inúmeras vezes!... Outrem ver-nos-á melhor e de múltiplas formas, bem posicionado, em variadíssimos ângulos. Ainda outro ponto. Ninguém "usa" alguém, neste diálogo. Não me considero "usado", nem aolho desse modo!... Confrontamos ideias, posições, conhecimentos, modos de olhar, percepções diferentes, por que vindos, somos oriundos de processos educativos e "mundos" diferentes. Pois... digo-lhe! "Usar-me" é bom, visto que aprendemos sempre uns com os outros! Descobrirmo-nos quem é quem, sim, todavia, melhor seria descobrirmos primeiro quem somos perante cada um de nós. Como a Emília tenta fazê-lo... Não pensa assim?!... De acordo, quando assinala que "estamos ambos na mesma viagem"... nada de mal vem ao mundo por isso, e é confortante. Permita-me que não a consiga olhar como "um livro aberto", por enquanto... E se o assim considera, perdoe-me, que não seja um daqueles "bons leitores" porque anseia. Não o sou. Simplesmente, sou - isso, sim! - um outro olhar, atento a toda a fenomenologia, amante em exercício de uma percepção agudíssima, objectiva, disposta a descer à profundidade dos abismos, ao intimismo do intimo do ser, ao cerne da filosofia que emana da pesssoa que somos. Olho-a, olho-a sempre, e por mais que a olhe ainda " a vejo", de acordo com os instrumentos de que a psicologia clínica se serve, enquanto mo permitir e lhe agradar. (Não sou Psicólogo, acrescento) Respeito o pensar alheio, considero-o, mesmo quando discordo! É interessante conviver com tudo o que a Emília escreve ou "fotografa" e desja que comente ao sibilar da fantasia de quem comenta... E o prazer e a aprendizagem são meus, se me der permissão. Se o livro - que diz ser - se encontra "aberto", por favor, Emília, deixe-me ir desfrutando dos sabores da minha própria e genuina leitura... Com todo o apreço, considerando-a muito, creia! Até breve, se o quiser.
ResponderEliminarO último texto era muito maior em extensão, mas é vedada - como sabe - neste espaço a publicação de textos demasiados extensos. Por conseguinte, tive que fazer largas supressões, para o poder enviar assim - de certo modo amputado, em relação ao que foi concebido e escrito - mas, paciência!... Nas entrelinhas, a Emília descobrirá nuito mais de mim... Mesmo amputado, talvez lhe pareça que o não tivesse sido, oque será de certo modo do mal, o menos. Sempre procurando estar atento...
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