quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

"A rainha da noite"

8 comentários:

  1. Silhueta esfíngica felina esmaltada no plúmbeo firmamento, prescrutando segredos vadios, luas de pesar, profundidades sonhadas... Olhemos atentamente a longilínea cauda, adormecida na horizontal, a firmeza robusta das patas dianteiras do gato/a, a colocação do olhar, o orelhame levantado, afiado à subtileza dos sons! Muito interessante.

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  2. E espera no limbo da memória pela sua chegada, pois é a procura revelada no anseio de ser compreendida que a faz aguardar.

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  3. Se o enigma do esfíngico animal me espera no limbo da memória, que poderei responder de igual, que seja a verdade e não uma história?
    Pois se a procura é encontro e revelação, quem espera por mim, no desejo tão sisuda, para que seja ouvida em mão, a compreenda assim, guardando o seu segredo desta forma muda?
    Se o esfíngico felino, medo não tem, nem onde se acoite, me guarda um segredo, pode ser amor, nuvem, mulher, vir tarde ou cedo, mas nunca rainha da noite! Talvez quietude que esconde emoção, vontade de se revelar, virtude, beijo por dar, sede de comunicação, talvez ser amante de um só amar.

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  4. Apreciou a morfologia e o conteúdo da minha última mensagem?... Foi elaborada de um modo diferente. Ter-me-ei feito entendeer?!... Dê-me a sua opinião de puder e quiser.

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  5. Apreciei sim, considero os seus textos como que uma parte de mim escondida agora revelada, é como me olhar ao espelho e ver-me reflectida. Não sei como me encontrou mas estou a preservar cada bocadinho de memória!

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  6. Grato pela paciência... Este espaços são pequenos, acanhados, cubículos onde nem chamar, nem gritar se pode, e igualmente demasiados expostos para almas grandes, em espaço, em nobreza e em sentimento como a sua, por tudo o que me revela nos seus escritos, nas fotos que divulga. A escolha das fotos traduzem muito, sabe?!... E páro. E parece-me ouvi-la, a ouvir-se a si própria... Nos arquivos da memória, também... Os seus silêncios (aqui...) prometem dizer muito mais que as palavras. Como em tudo, na vida, o que fica por dizer vale sempre mais que o proferido ou escrito. Nós somos como uma lancha empurrada, vítima do primeiro impulso de quem quer fazer-se às águas, e que baloiçando-se levanta a primeira ondulação e se faz ao mar, por esse mar "adentro", na procura de cumprir-se, de resolver connosco mesmos os conflitos não resolvidos na nossa primeira infância. Tudo parte daí, desse tempo de descoberta de nós nos outros, nos que estão próximos. Nós somos igualmente memória... Primeiro, quem somos?... Depois, quem fomos?... E entrementes, por onde navegámos?... A memória constrói-nos. A memória afeiçoa-se, vive connosco, é como que a bússola que nos serve em todo e qualquer caminho. Com ela adquirimos, conservamos e restituimos informação. Memória é evocação, é o gostar do que conservamos, do que preservamos - diz muito bem, Emília... Já reparou? Sensorial, a curto ou a médio prazo, a memória é o reflexo da ternura dos outros em nós, da indisciplina e falta de conhecimento que os mais usaram em relação ao sujeito, que somos nós. A memória episódica é importante, certa, imprescindível, de carácter pessoal, razão de estarmos aqui a dialogar, os dois, porém a memória semântica como mais abstrata, é a que interrelaciona os factos da nossa vida passada com os da vida presente. Precisamos das duas. E não só!... Nós - em suma -apresentamo-nos como a memória declarativa, consciente, um saber o quê, aquele contexto do porquê - de que lhe falei - numa interacção permanente. Eu acompanho-a através da sua memória, e o mesmo em mim de si, no quotidiano. Há palavras que nos trespassam e nos transformam. A Emília conduziu-me - sem qualquer culpa sua - para um campo muito belo do conhecimento humano!... E não quero aborrecê-la, "obrigá-la" a pensar, quando não lhe assite tal necessidade provavelmente. Quando olhar o tal "espelho" não procure ver-se a si própria, mas o "outro" semelhante que a contempla. Vai ver que se dscobre mais facilmente, e isso lhe pode provcar mais tranquilidade e momentos felizes. A mim, só as pessoas me interessam, como verdadeiros "motores" de si mesmas, no interagir com o mundo. Pergunta-me. Como a encontrei?!... Encontrei-a pelo acaso, neste peregrinar, pois de acasos toda a nossa vida é feita. Até o intencional é um somatório de acasos, acasos em que não tivemos mão e nos desafiam constantemente. Concordará ou não. Todavia, penso assim.

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  7. Os meus silêncios nas palavras são como os silêncios do espírito, sem pressa, porque há momentos que têm de ser absorvidos como alguém que partiu para o exílio e acaba de voltar à espera de ser abraçada com coragem, coragem e medo de magoar e mesmo assim fazê-lo porque é o mais que tem para dar.

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  8. Acabo de lê-la... Vejo-a, considero-a, assisto a uma Emília que elogia o silêncio de uma forma muito dedicada, sóbria, espiritual, fruto da reflexão que a estimula, que impregna retintamente o seu ser. O que me agrada bastante esse elogio do silêncio, pois é assim que o entendo também. Aos silêncios acabamos por ser nós próprios a geri-los, de certo modo, mesmo inconscientemente. Como sabe bem guardá-los connosco, ou em algures, ou nas pausas do nosso viver esperando revê-los!... Vejo que os adora, ou pelos menos respeita-os e admira-os, saboreando-os suavemente, desejando-os. O que não quer forçosamente dizer que se sinta bem só e no cerzimento que o silêncio forja na solidão. Talvez, o silêncio seja para si um lugar de refúgio, por excelência. E, sendo de refúgio, de que fujimos, então, Emília?!... Os abraços de uma chegada são por natureza efusivos, alegres, estimulantes e corajosos. Quanto ao medo de magoar interpreto-o como associado ao medo da perca, à insegurança que acarreta o sentir-se bem só, absorta nos seus pensamentos, e lhe provoca mais desejo e mais espera, talvez. O pensamento flui continuamente... Desejamos a calmia, o devagar depressa nos tempos, as certezas por que ansiamos. Mas, mão demasiado... E o corpo corresponderá às necessidades mais profundas do espírito?... Claro, que quem se motiva assim, tem muito para dar, porventura não terá é o objecto ou as condições que lhe propiciem esse dar, esse doar-se a outrem. Porque estou em presença de uma personalidade que adora doar-se, e em dádiva permanente sem procurar a recompensa imediata, fico escutando-a tal como aquele escutar que é presença em si. Mas, sinto-a exultando que a descubram, no remanso do pensar e do agir, na quietude que só a amizade, por mais tranquila que é, por não tão exigente em termos de posse e obrigação, lhe pode oferecer. No desejo da amizade, oculta-se a espera de um sentimento maior, que lhe coloca temor, e que pode rimar com "amor"... As palavras metem-lhe mais medo que as imagens, e adora o simbolismo sereno como forma de se expressar. Dei por mim a retocar-lhe um possível retrato, retrato de uma alma possivelmente sofrida, não sei porque forma, mas se acaso sofrida, não pretendendo continuá-lo. Emília! Isto não é exégese, embora possa parecer, mas apenas uma abordagem melancólica e em espera, que da espera se faz tempo e do tempo se ergue obra, construção de nós mesmos no outro, nos outros, singular ou plural. Sabe?!... Quem tem medo de magoar, corre o risco de atingir o objectivo que não deseja e lhe provoca temor. Deixo-a, pois - por agora - na procura da minha forma de ser e de estar, se não a descobriu antecipadamente. Quem escreve, mostra-se. Quem escreve é porque necessita de ser ainda mais amada/o...

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